O blog

!♥Este blog foi feito com o objetivo de criar uma
esoécie de terceiro caderno de português.
Nele aparecem postagens sobre as coisa mais
interessantes da literatura brasileira ♥


quarta-feira, 28 de março de 2012

Caso de Secretária

Era seu aniversário
Nem um parabéns ganhou
Ninguem olhou o calendário
Todo mundo o negou
Chegou com raiva no escritório
Mas um abraço ele ganhou
Com um sorriso satisfatório
Além disso duas flores
Tudo isso da secretária
Que lembrou do seus valores
Foi convidado para um jantar
Aceitou rapidinho
Sem nem pensar
Todo empolgadinho
Passaram no apartamento
Ela foi se trocar
E ele em aquecimento
Em quinze minutos  iria entrar
Já foi imaginando
A noite que teria
O tempo passou e ele foi entrando
Quase nú
Um susto leva
Mulher e filhos
Cantando parabéns
Era uma  festa surpresa


Poema

 Aconteceu alguma coisa

Dois seguranças
Barrando a passagem
Com muita liderança
Com muita coragem
Começa a fofoca
Do povo carioca
Sera assasinato?
Pode ser..
Mas acho que é assalto
Acho que não vou me meter
Olha lá a velha de salto
Aquela la éuma novinha da boa
Olha aquela outra pessoa
Ta morrendo ?
Olha um padre !
To te dizendo
Isso é massacre
Só acredito vendo
 Incêndio não é
E como você sabe
Eu não sou mané
Tomara que isso acabe
Olha lá interditaram o prédio
E tão esvaziando
Isso é um assédio
Tenho o direito de ir e vir, não podem sair me expulsando
Calma, você quer um remédio ?
Precisa não
Olha lá um caixão !
Aquilo é uma geladeira 
Difunto já não é gelado
Vocês só falam besteira
Isso é liquidação
 


 
 
 
 

Carlos Drummond de Andrade

  Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro em 31 de Outubro de 1902.
Em parte de sua infância viveu na Fazenda do Pontal e depois se mudou para uma casa que hoje é um museu.
  Em 1925 casou-se com Dolores Dutra Moraes, e no mesmo ano fundou com uotros escritores "A Revista" que teve apenas três edições porém foi importante para o modernismo mineiro, e no ano seguinte vai trabalhar no "Diário de Minas",em 1928 Carlos Drummond e Dolores tem uma filha Maria Julieta Drummond de Andrade, infelizmante em 1929 ele e Dolores perdem seu filho recem-nascido e ele sai do "Diário de Minas" e vai trabalhar no jornal " Minas Gerais". 
  Em 1934, ele publica " Brejo das Almas", e vira funcionário público no Rio de Janeiro.
  Muito tempo depois no dia 5 de Agosto de 1987 sua filha morre vítima de cancêr, e dose dias depois Carlos Drummond de andrade morre por problemas cardíacos.
  
Algumas poesias de Drummond:

                                   Confidência do Itabirano 

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!



                               Praça da estação
Duas vezes a conheci: antes e depois das rosas.
Era a mesma praça, com a mesma dignidade.
O mesmo recado para os forasteiros: esta cidade é uma
promessa de conhecimento, talvez de amor.
A segunda Estação, inaugurada por Epitácio,
O monumento de Starace, encomendado por Antônio Carlos
São feios? São belos?
São linhas de um rosto, marcas da vida.
A praça da entrada de Belo Horizonte,
Mesmo esquecida, mesmo abandonada pelos poderes públicos,
Conta pra gente uma história pioneira.
De homens antigos criando realidades novas.
É uma praça – forma de permanência no tempo.
E merece respeito.
Agora querem levar para lá o metrô de superfície.
Querem mascarar a memória urbana, alma da cidade
Num de seus pontos sensíveis e visíveis.
Esvoaça crocitante sobre a praça da Estação
O Metrobel decibel a granel sem quartel
Planejadores oficiais insistem em fazer de Belo Horizonte
Linda, linda, linda de embalar saudade 
Mais uma triste anticidade.


 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Pescadores

De Carlos Drummond de Andrade
   Adaptado por Victória Irio Giannini

            Pescadores

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
Agente é fraco
Muda o programa
Todo dia de Domingo
Praia, cerveja e futebol
Mas hoje é diferente
Quatro amigos mudaram o programa
Resolveram ir pescar
A pesca tava boa
Mas nada de peixe
Até que chega uma kombi
E descem dois homens
Que oferecem fama aos amigos
Em um novo programa
Do horário nobre da televisão carioca
Com o tema de um domingo diferente
Mas como se não pescamos nada ?
Eles tiram peixes bem grandes
E a cena foi gravada
Parecia que estavam pescando peixões
Mas já eram pescados
Na grande expectativa
As famílias foram reunidas
Para assistir o programa
E o programa começou
Com cenas do apertado
Dia dia carioca
Trabalhadores no batente
Ou indo para ele
E o locutor
Apresenta três marmanjos
No dia dia apertado
Furiosos começam a chingar
E as mulheres os chingam
Pois não vão trabalhar
Para acalmar é servido wiske
e refrigerante